quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Matar o direito de autor

Estando outra vez na agenda a questão recorrente da taxação dos dispositivos de armazenamento (taxa Canavilhas, #pl118, etc) publica-se aqui uma receita infalível para acabar com o direito de autor de uma vez por todas.

Aparentemente, esta receita é a que está a ser seguida.


Ingredientes:

representantes da indústria em estado de negação, advogados negociadores de copyright em slow motion, cidadãos activistas, cidadãos indiferentes, deputados, comentadores, bloggers e empresas de telecomunicações.

Procedimento:

  1. Criar um mercado de telecomunicações em que o acesso em banda larga se generaliza, a preços relativamente competitivos
  2. Não disponibilizar neste mercado - onde tudo o resto funciona bem - uma oferta credível de acesso legal a conteúdos protegidos por direito de autor (ver este texto)
  3. Garantir que nos poucos serviços acessíveis os pagamentos não funcionam com métodos seguros (Multibanco, MBNET), resumindo-se a métodos inseguros (cartão de crédito de plástico) e que existem incompatibilidades QB entre sistemas operativos
  4. Lamentar recorrentemente as perdas "resultantes" da pirataria, sem no entanto investir na oferta legal, deixando que a pirataria comece a ser aceite em termos culturais
  5. Deixar passar vários anos nesta situação, até que a geração de piratas "filhos" se converta numa geração de piratas "pais", cidadãos adultos para quem piratear é perfeitamente normal
  6. Sobre o leite derramado reagir à bully com abusos aos direitos fundamentais dos consumidores (rootkit Sony, tratado ACTA, ...)
  7.  Tentar introduzir taxações indiscriminadas sobre dispositivos de armazenamento, taxas estas que, mesmo que não avancem, irão polarizar os cidadãos no sentido contrário e caso avancem irão convence-los de que os direitos de autor afinal são pagos a montante ( "agora sim, não há qualquer problema em piratear")
Está pronto e nem é preciso juntar mais água.

No fim, admirem-se quando os cidadãos revogarem, em termos práticos, o direito de autor e se indisponibilizarem de todo para pagar por conteúdos digitais.



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